Roupas, sapatos, make e acessórios ajudam a montar os nossos
#looksdodia todos os dias. Mas ao invés de mostrar ao mundo o que somos, a nossa personalidade, o nosso estilo, o nosso humor e até mesmo a nossa classe social, muitas vezes o uso que fazemos disso tudo mostra tudo menos a nossa realidade.
Certa vez estava em Campos do Jordão e o dono da pousada fazia um desabafo no café da manhã, tentando nos convencer a não andar na maria fumaça da cidade porque o valor da passagem não valia o passeio (mentira dele, vale super a pena, a viagem é lindaaaaaaa!) e dizendo que o mundo era muito capitalista, que ele não aceitava o fato de a cozinheira dele ganhar R$500 por mês e pagar R$200 numa calça jeans para passear pela cidade à noite "como se fosse igual aos turistas da cidade". O discurso era até bonitinho, mas ele bem que cobrou as diárias da gente (e bem caro, por sinal rsrs).
Esses dias a figurinista da novela Avenida Brasil explicou porque a Carminha (personagem da Adriana Esteves) só usa roupas claras e camisas de babado: "Pra parecer uma mulher de família, honesta e de bom caráter." Pois é. Quem desconfiaria que uma mulher com calça branca e camisa pastel de babados trai e rouba o marido, e abandonou criancinhas no lixão? Ninguém né? Ou não? #OiOiOi
A moda dos "óculos geek" prometem dar um status de nerd às meninas que não são, nem de longe e nem de perto (olhando com lentes multifocal, rsrs), as mais inteligentes da turma. Roupas e acessórios falsificados são exibidos como se fossem originais, na esperança de parecerem mais ricas, mais luxuosas, mais chiques. E o que falar das mulheres que usam calças "levanta bumbum" e não se permitem sair sem cinta ou sutiã de enchimento por causa dos seus "defeitinhos"?
Outro exemplo disso eu percebi na primeira vez que saí na night depois de 9 anos num relacionamento onde os eventos noturnos eram na casa de amigos, no cinema ou teatro. Não que tenha sido ruim, mas era a primeira vez em 9 anos que eu voltava a uma boate, e eu estava solteira de novo depois de 9 anos.
A estranheza começou ao escolher a roupa para o tal evento. No meu guardarroupas só tinha roupa de mulher casada, que passavam a imagem de "mulher respeitável" que eu era, e ainda sou, apesar de não estar mais casada. Mas eu queria passar a imagem de mulher "descolada" e não tinha nenhuma peça no meu guardarroupas que me fizesse me sentir assim. E eu percebi algum tempo depois que nenhuma roupa ia me fazer me sentir assim, porque eu não sou assim. Não ia ser dentro de um vestido decotado e justo e em cima de um salto altíssimo que eu ia me sentir à vontade no meio de mulheres dançando vulgarmente e homens que definitivamente não me interessavam.
Quando eu estou triste, não tenho ânimo pra me maquiar e me arrumar. Quem me conhece sabe que estou mal. Mas esse não é o "normal". Vemos por aí atrizes passeando em cima do salto, maquiadas e sorridentes
depois de terminarem um relacionamento. Vemos blogueiras posando glamourosas nos seus
#looksdodia enquanto andam de ônibus ou de metrô e parcelam as roupas em 10x sem juros no cartão de crédito.
É claro que colocar a sua roupa favorita, um batom que valorize o seu sorriso e um salto alto que eleve a sua autoestima pode dar um upgrade no seu humor e melhorar o seu dia, mas eu não consigo estar em discordância entre o que eu sou / sinto e o que aparente ser / estar. Porque as aparências podem até enganar os outros, mas o que é que a gente ganha com isso mesmo, hein?
#prontofalei