sexta-feira, 6 de abril de 2012

Lavou, tá novo


No site da Cris Guerra (precisa falar que é o Hoje Vou Assim?) esses dias teve uma coluna com o nome "Lavou, tá novo" tão lindoooooo que eu vou reproduzir aqui, pra nossa alegriaaaaa reflexão:

"Existe um braço da Filosofia que atribui à tristeza o importante papel de “motor da vida”. Explico: fôssemos plenamente felizes, não haveria motivo para mudar as coisas. Não haveria pelo quê lutar ou atrás do quê correr. Ficaríamos estagnados na nossa felicidade cega e não seríamos capazes de seguir em frente.
O fato é que temos pavor da tristeza. Não queremos nada além da completa felicidade a que assistimos no comercial da operadora de celular. Vivemos para fugir da tristeza e isso está nos transformando em legumes anestesiados. Ficamos tão habilidosos em nos esquivar dos dissabores da vida, que passamos a maior parte do tempo dentro da nossa chatinha e previsível zona de conforto.
Não nos apegamos demais aos amigos, pois eles podem ir embora; não nos apegamos demais a quem amamos por medo de não sermos correspondidos; não nos apegamos ao emprego novo, pois pode surgir oportunidade melhor. Sem nos agarrar a nada, ficamos à deriva…
Em vez, agarramo-nos com todas as forças à bolsa nova, ao telefone da moda, aos sapatos do momento. Claro que é um apego temporário, porque na semana que vem surgem versões “novíssimas” que tomarão o lugar das primeiras.
É curioso como gastamos montanhas de dinheiro em um par de jeans estonado, furado e rasgado, um jeans “com história”, e não investimos tanto quanto deveríamos na nossa própria. Qual a graça da calça nova se não usá-la? Qual a graça, então, do coração intacto, sem uso, sem quilometragem?
É o medo de comprometer suas bombas, ter de reparar suas fibras, trocar seus vasos? É o medo da tristeza? Não há com o que se preocupar. O coração, assim como a calça, lavou, tá novo."

Quem escreveu o artigo foi o Augusto Paz. Lindíssimo!!