segunda-feira, 3 de junho de 2013

Magro também sofre preconceito


Quando a gente fala em "peso" ou medidas, as pessoas logo associam à pessoas que têm sobrepeso, mas esse assunto também é incômodo entre as mais magrinhas. A diferença? Uma mulher gordinha nunca vai ser abordada na cozinha da empresa por alguém lhe dizendo: "Nossa, você é tão gordinha! Quanto você pesa?" (a não ser que a pessoa não tenha um pingo de bom senso).
Eu estava preparando o meu café da manhã numa segunda-feira chuvosa e preguiçosa (e cheia de trabalho!) quando uma funcionária da empresa, provavelmente depois de me observar de cima a baixo, fala: "Caramba, Priscila. Você é tão magrinha!! Quanto você pesa?". 
O mesmo bom senso que as pessoas (ou a maioria delas) usa para falar com as pessoas gordinhas, deveria ser usado para falar com as mais magrinhas. Mas não é bem assim que funciona.

O preconceito racial é muito difundido quando se trata de negros, por exemplo, mas ninguém fala do preconceito contra os brancos. Não estou falando de história, mas de usar palavras agressivas para se dirigir à alguém de um grupo específico. Chamar de "negão" não pode, mas de "branquela" é aceitável. É falta de educação dizer à uma mulher que ela é gorda, mas está tudo bem se disser que ele é magrela.
É comum falar do drama para emagrecer, mas é mais raro ouvir falar do drama para engordar, ganhar músculos ou curvas. As farmácias estão cheias de remédios milagrosos para emagrecer, mas tente encontrar um para engordar... Hoje, felizmente já é mais comum as lojas terem uma sessão ou algumas peças plus size, mas ainda é raro encontrar nas lojas peças PP. 
Que magro nunca comprou roupa na sessão infantil apesar de já ter saído da adolescência há tempos? Que magro nunca ouviu as pessoas comentarem da quantidade de comida que põe no prato? Que nunca viu a cara de espanto ao dizer que vai à academia?

Estima-se que apenas 5% dos brasileiros sejam "magros demais", ou seja, com IMC abaixo de 18,5. Por que, então, os "magrelos" não recebem tratamento especial, como as demais minorias? 
No Facebook tem uma página com nome "Gordinha sim", mas muitas das fotos compartilhadas são de mulheres magras, a maioria com dizeres ofensivos como "quem gosta de osso é cachorro", "isso não é bonito", e as pessoas curtem e compartilham!! E se fosse o contrário?

Felizmente eu não tenho problema nenhum com o meu peso e nem com o meu corpo. Não deixo de usar uma roupa por ela "me deixar com menos peito" (como dizem as minhas tias) ou por esconder as minhas curvas discretas. Mostrei aqui que em 2005 eu ganhei um concurso cultural da DOVE justamente por respeitar e gostar do meu corpo exatamente como ele é. Oito anos depois, eu continuo com o mesmo manequim, o mesmo peso, e o mesmo pensamento.

E justamente por eu não ter problema nenhum, eu respondi, com a mesma naturalidade que ela me perguntou. Nossa conversa foi assim:
Ela: Caramba, Priscila, você é tão magrinha!! Quanto você pesa?
Eu: 43 kgs (e dei um beijo no meu ombro, rindo).
Ela: Nossa! Eu achava que era magra, mas agora estou me sentindo gorda! Eu peso 48 kgs!
Eu: Tá se sentindo gorda? Faz uma dieta, menina!! Deve ser muito ruim ter problemas com o corpo e a autoestima...

Pessoas mais críticas dirão que fui cruel. Há algum tempo atrás eu também teria evitado responder dessa forma, mas se eu engolisse esse sapo, poderia engordar... rsrs
Ao analisar a fala dela, podemos perceber que ela ficou feliz ao ver que eu pesava menos que ela, já que ela se acha magra. É uma forma de sentir-se superior, melhor que o outro. Característica típica de gente infeliz, invejosa.
Eu a acho linda. E espero que um dia ela possa se achar também.

O assunto é batido, mas já que volta a todo instante, vale a pena ver de novo: Você é mais bonita do que imagina
#prontofalei

Nenhum comentário: